ABRAÇO


Está vendo aquele menino? Há muito que pedia abraço. Anestesiado pelo ódio. Afogado na indiferença. 

Um dia, um gesto delicado. Apaixonou-se pela menina da ONG. Voluntária(osa). Estendeu atenção. Um prato de amor o convocou. Aceitou-o. Mesmo sob o efeito da desconfiança, acolheu-o. Ela assistiu-o comer.

Depois, um abraço forte. Ela, transpirando verdade. Ele, sujo de rua. Limpo de valores.

Aí o (im)provável deu as caras: arma nas cabeças. Ele cuspiu raiva. Último abraço. Vida sepultada. Ela testemunhou a desgraça. Ele abraçou o piso de cimento, mergulhando no sangue jorrado.

Comentários

  1. Que bela contribuição para a semana em que comemoramos o dia do abraço e para o momento em que tantos abraços não foram dados. Agradeço por ter o seu abraço! Bjs!

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