ACENO

Todo dia falavam-se. Um diálogo do olhar. Ele, cúmplice de sua cadeira; a outro, no carro. Buzinava e o senhor acenava. 

Certa feita, decidiu-se pelas palavras. Em um desses rotineiros cumprimentos, abandonou o veículo. Resolveu transgredir o hábito. Não queria só o aceno. Parou, desceu e caminhou até o senhor. "Tudo bem"? "Tudo". Trocaram palavras constrangidos, inicialmente.

Depois, naquela tarde, o diálogo sentou-se entre eles, na varanda, e os fez ter uma bela conversa. Nem viram o tempo passar.

No outro dia, ao acordar, o jovem paralisou. O senhor tinha partido. Depois, do aceno, o descanso. Seu rosto não conteve uma lágrima.

Comentários

  1. Mais um registro lindo e profundo! Sei que sou suspeita (risos) mas...
    Parabéns, escritor! Te amo!❤

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  2. Esse é o que eu quero fazer quando crescer.

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